terça-feira, 17 de junho de 2008

ESPECIAL JIM JARMUSCH



Por Flávio Dias

O Telecine Cult exibiu em abril o Festival Jim Jarmusch, com 4 filmes do diretor. Seus filmes na maioria são em preto e branco e contam histórias comuns, por vezes com falta de trilha sonora, com poucos diálogos e muitas cenas paradas. Com 55 anos e 16 filmes no currículo, sendo o próximo para 2009, Jarmusch tem uma visão peculiar sobre o cinema. Suas histórias são sempre com personagens que tentam se encontrar no mundo e colocar um rumo na vida. Jarmusch ganhou vários prêmios pelo mundo, incluindo nos Festival de Cannes e Festival de Berlim. Confira os 4 filmes do festival:

- ESTRANHOS NO PARAÍSO: Willie recebe sua prima búlgara em Nova York para passar uns dias. A relação dos dois não é próximo no início, mas depois passam a ficar amigos. A prima tem que ir à casa da tia para cuidar dela que acabou de ser operada. Passados um ano, ele vai atrás da prima com um amigo. Ela então fugiu com eles para Miami, mas algo dá errado no meio do caminho. É um filme lento com bom roteiro. Jim Jarmusch pretendia fazer um curta-metragem. Mas Wim Wenders deu restos de fita que sobrou de seu filme em 1984 para completa o filme, que é rodado todo em preto e branco. Ótima opção de filme cult. Com John Lurie, Eszter Balint, Richard Edson, Cecillia Stark.

- DAUNBAILÓ: Três homens se encontram na cadeia por crimes que não cometeram. Um italiano que mal fala o inglês, um cafetão pego em uma armadilha e um músico que estava no lugar e na hora errado ao aceitar a dirigir um carro para um amigo sem saber o que levava. Os três passam dias de tédio, por muitas vezes sem se falar, até o italiano resolve arquitetar a fuga da prisão. Eles passam pelo pântano sem saber em que direção seguir. Jarmusch mais uma vez filma em preto e branco. Quase sem muito diálogo, o filme mostra como estranhos podem ser bem vindos a ponto de dar rumo a suas vidas. É um filme interessante. Com Tom Waits, John Lurie, Roberto Benigni, Nicoletta Braschi, Ellen Barkin.

- DEAD MAN: No século 19, William Blake vai para uma pequena cidade no oeste dos EUA. Ele é contratado para ser contador de uma fábrica de John Dickinson. Chegando à cidade, ele é expulso, pois a vaga já foi preenchida. Conhece a jovem Thel Russell e tem um rápido caso com ela. Seu noivo pega os dois e atira neles, matando a moça e ferindo gravemente Blake. Ele foge depois de matar o homem que é filho do dono da fábrica. Dickison contrata três matadores para caçar Blake. Ele é salvo por um índio com o nome de Ninguém. É Ninguém que ajuda Blake, que tem o mesmo nome de um poeta famoso. Ninguém recita os versos para ele e tenta dar um rumo para Blake. Filme estranho e por vezes incompreensível. A caçada comum dos filmes de faroeste misturado com misticismo, crenças, poesia e dúvidas sobre viver ou morrer. Também totalmente em preto e branco. Para um faroeste é lento demais. Como não é o objeto de Jarmusch, vale a pena dar uma conferida. Com Johnny Depp, Gary Farmer, Robert Mitchum, Crispin Glover, Gabriel Byrne, Lance Henriksen, Mili Avital, John Hurt, Iggy Pop, Alfred Molina entre muitas outras participações.

- SOBRE CAFÉS E CIGARROS: Onze curtas-metragens feitas entre 1987 a 2003 que fala sobre encontros que envolvem cafés e cigarros. Sempre com assuntos diferentes ou sem assuntos nenhum, mas sempre mostrando a adoração ou ódio pelo café ou pelo cigarro, às vezes os dois ao mesmo tempo. Os melhores curtas são com Alfred Molina e Steve Coogan, onde Molina diz ser parente distante de Coogan e que pretende fazer um filme junto com ele; de Cate Blanchett com sua prima, onde é ela mesmo interpretando a vida de uma atriz que não consegue tempo para os familiares; e de Bill Murray como garçom viciado em café e encontra cantores de rapp. Algumas historinhas são bem fracas e outras muito boas. Vale a pena dar uma conferida. Ainda no elenco estão Iggy Pop, Steve Buscemi, Roberto Benigni, Tom Waits e muitos outros.

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