VELVET GOLDMINE

Por Flávio Dias

Em 1971 explode na Inglaterra um novo estilo de rock: o Glam Rock. No auge esta o cantor Brian Slade, que usa e abusa de roupas super coloridas, usa batom, tem jeito afeminado, pinta as unhas e explora sua sexualidade. Durante um show, ele forja sua própria morte em cima do palco. 10 anos depois, o jornalista Arthur Stuart tem a incumbência de investigar o que motivou tal ato. Arthur estava presente no dia da farsa, mas não conta para ninguém que foi fã de Slade e do movimento que sacudiu o país. Ele conversa com as pessoas ligadas a Slade, como seu produtor musical e a esposa e tenta encontrar outra lenda da época: Curt Wild que teve um caso romântico com o artista.

Este movimento que marca os anos 60 e 70, mostra como eram os jovens e como foi o a década do Glam Rock. Começa com uma nave entregando uma criança na porta de casa e faz referência a Oscar Wilde, famoso escritor inglês que era homossexual. Passa para os anos 70, depois os 80 e nesse vai e vem, conta como tudo acontece com o cantor Brian Slade, através de lembranças do jornalista e das pessoas que viveram com ele. Tudo é muito colorido, cheio de sexo, drogas e a dúvida sexual dos jovens daquela época. O filme explora a homossexualidade das pessoas e o querer serem diferente, ao mesmo tempo querer ser amado pelo público. Mostra beijos, cenas de sexo entre homens e nu frontal masculino com Ewan McGregor como veio ao mundo em cima de um palco com uma platéia enlouquecida pelo seu ato. O diretor Todd Haynes quis fazer uma história que lembrasse do cantor David Bowie, um dos ícones do Glam Rock, é conseguiu. Tanto que o nome do filme é de uma música do cantor. O nome anterior era “Glitter Kids”. Mas a história apresentada é totalmente fictícia. Estão no elenco Jonathan Rhys-Meyers, Ewan McGregor, Christian Bale, Toni Collette, Eddie Izzard, Emily Woof, Michael Feast. “Velvet Goldmine” demorou um ano para chegar aos cinemas no Brasil e esta fora de catalogo para venda em DVD.

GLAM ROCK:

Nasceu no início dos anos 70 com um estilo nada discreto, super colorido por sinal, explodindo com o alter-ego de David Bowie, Ziggy Stardust. Não tem gênero formalizado, misturando com outros como Hard-Rock, punk e tecno-pop. Suas características estão na performance no palco bem teatral e exagerada, tocavam em palcos livres, bares, boates, onde qualquer um poderia tocar. O palco com grande iluminação diversa, pirotecnia, fogo, fumaça e os trajes espalhafatosos, maquiagem carregada, cabelos coloridos entre outros atrativos para chamar a atenção. O Glam Rock pode ser entendido como uma reação à seriedade do Rock Progressive e da contracultura da época, como também uma extensão desses movimentos. O estilo das bandas do Glam pode ser definido como uma combinação entre hippies com a dureza do mods.

Bandas e cantores deste movimento: David Bowie, Garry Glitter, Kiss, New York Dolls e, dizem também, que Queen é uma banda Glam Rock pelo seu estilo musical e de performance no palco.

TODD HAYNES E SEUS FILMES COM TEMÁTICA HOMOSSEXUAL

Todd Haynes nasceu em Los Angeles, Canifórnia, EUA, no dia 2 de janeiro de 1961. Seu primeiro trabalho foi como roteirista e diretor do curta “Assassins: A Film Concerning Rimbaud” em 1985. Seu primeiro longa foi “A Salvo” (1995, também com o título de “Mal do Século”) sobre uma mulher que esta com uma doença e pensa que vai morrer e vai para um centro de tratamento. Esta doença é a depressão, comum nos dias de hoje. Seus filmes sempre abortam temas ligados à homossexualidade. No curta “Dottie Gets Spanked (1993)” mostra um garoto fã de um programa de TV e passa seus dias desenhando a personagem principal da série. Tem traços de formação sexual e de psicopatia contidos neste filme. Já “Veneno (1991)” vai mais longe e chega a mostrar cenas de sexo dentro da prisão e nu frontal, embora meio escondido pela escuridão, mas dá para ver o pênis do ator na cena. Seu filme até então mais conhecido “Longe do Paraíso (2002)”, também tem personagem gay na história. Desta vez é um homem casado dos anos 50 que tem um caso com um homem e a mulher descobri. Foi indicado ao Oscar pelo roteiro.
Todos os temas homossexuais nos seus filmes aparecem de formas diferentes. É como mostrar para uma sociedade as facetas deste mundo, que também tem suas variações, seus lados complexos, diversos e cheios de dramas psicológicos. Seus filmes retratam muito bem a realidade deste mundo. É como se fosse um panorama da sociedade gay num contexto amplo. Em tempo: os filmes citados acima do diretor são bem difíceis de encontrar nas locadoras e nas lojas de DVD.

FICHA TÉCNICA:

Título em Português: Velvet Goldmine

Título Original: Velvet Goldmine

Direção: Todd Haynes

Elenco: Jonathan Rhys-Meyers, Ewan McGregor, Christian Bale, Toni Collette, Eddie Izzard, Emily Woof, Michael Feast, Janet McTeer, Danny Nutt

Ano de Produção: 1998

País de Origem: ING /EUA
Gênero: Drama Musical

Duração: 124 minutos

Produção: Channel Four Films/ Goldwyn Films / Killer Films / Miramax Films / Newmarket Capital Group / Single Cell Pictures / Zenith Entertainment Ltd.

Distribuição: Cult Filmes (no Brasil, já extinta)

FILMES DA SEMANA: DE 31 DE MARÇO A 04 DE ABRIL

- ANTÔNIA: O FILME (Cinemax): Quatro amigas de infância que vivem na Vila Brasilândia, periferia de São Paulo, querem viver da música. Deixam um grupo onde cantavam como backing vogal e criam "Antônia". Preta, Barbarah, Mayah e Lena passam a contar com a ajuda do empresário Marcelo Diamante. Mas as dificuldades na vida delas acaba atrapalhando a carreira do conjunto. Filme dirigido por Tata Amaral e mostra o sonho de jovens mulheres da comunidade. Um retrato bem real de como é difícil chegar ao lugar do sonho. Mostra a violência dentro do bairro, o preconceito, problemas familiares. Muito bem digirido e produzido. O filme é a uma derivação da série da TV Globo. O elenco é o mesmo da TV: Negra Li, Leila Moreno, Quelynah e Cindy são as protagonista do longa. Vale a pena conferir.

- LIÇÕES DE VIDA (Telcine Premium): O jovem e tímido Ben Marshall de 17 anos, vai trabalhar na casa da veterana atriz inglesa Evie. Lá tem a oportunidade de se libertar do domínio da mãe religiosa e muito rigída. Evie convida o rapaz para ir junto em um festival de recital de poesia com o pretexto que esta sozinha e com câncer na mama. Essa experiência vai mudar a vida de tédio e domínio da hipocrita mãe. Filme pequeno, mas com ótimo roteiro. Muito bem atuado pela veterana atriz Julie Walters, que dá um show de interpretação. Ela é o ponto principal e forte do filme. Rupert Grint, o Rony Weasley da série Harry Potter, se sai muito bem nesta comédia dramática. Aliás, a escolha para interpretar o personagem foi do diretor e roteirista do longa Jeremy Brock, por considerá-lo mal aproveitado em Harry Potter. No elenco ainda estão Laura Liney, sempre muito bem, e Nicholas Farrell.

- FILHOS DA ESPERANÇA (Telecine Premium): Ano de 2027, o planeta vive um caos. Protesto, imigrantes sendo presos e vivendo em campos de concentração, as mulheres não engravidam, não existe bebês a mais de 20 anos e o mais novo ser humano acabara de morrer com 18 anos. Julian é uma ativista pela causa para que o planeta volte a ter crianças e procura a ajuda de Theodore Faron. Ela passa a proteger a última mulher grávida acreditando que é a salvação do planeta. Tema muito bem elaborado por Alfonso Cuarón (de E Sua Mãe Também) e com toques bem realista. Toca inclusive na invasão ao Iraque nos dias de hoje. É um filme fácil entendimento e da importância da vida na terra e do cuidado com as crianças de hoje e do futuro. Elas são nossas esperanças. Foi indicado a 3 estatuetas Oscar em Roteiro adaptado, Fotografia que é excelente e Edição. No elenco estão Clive Owen, Julianne Moore, Chiwetel Ejiofor, Claire-Hope Ashitey e Michael Caine. Recomendado para quem gosta de filmes de ação com discussão sobre o tema.

- PESADELO AMERICANO (HBO): Uma jovem que esta na faculdade passa a trabalhar com seu avó na loja de armas. Um diretor de escola tenta impedir que seus alunos entre armado dentro das salas de aula. Um jovem que leva consigo uma arma para se defender dos bandidos no seu bairro. Uma mãe e seu filho tem que conviver com a perda do filho que matou seus colegas na escola a 3 anos atrás. Um policial que sofre pela impotência de não conter o massacre na escola. Essas histórias conduzem o filme e mostra como a sociedade nos EUA esta perdida e sem caminhos para educar seus filhos. As perguntas "onde eu errei", "o que eu poderia ter feito", "como não percebi isso", "o que faltou para meu filho ser assim", "o que falta para não cometer erros" esta presente durante todo o filme. É um filme denúncia que serve para pensar, refletir. Recomendado para filhos e pais, de preferência a família toda reunida. No elenco estão Forest Whitaker, Tony Goldwyn, Marcia Gay Harden, Donald Sutherland.

- JOGADORA INFERNAL (Telecine Cult): Um grupo de teatro ambulante, a Healy Dramatic Company, viaja por várias cidade em 1880. Porém, na trupe a bela Angela Rossi (Sophia Loren) sempre deixa divídas e passam a fugir dos xerifes. O dono da companhia teatral Tom Healy (Anthony Quinn) não gosta muito disso, mas acaba perdoando a bela Angela. Na cidade de Bonanza, ela apronta mais de seus truques e desafia um assassino no pôquer e dá como garantia ela própria. Com dividas até o pescoço, a solução é novamente fugir e o ganhador do jogo, vai atrás da moça. Comédia de George Cukor bem mediana. Não tem nada de especial, a não ser a presença de Sophia Loren e Anthony Quinn no elenco. Para que gosta de comédia clássica passada no western, vai gostar.